#342
Dumbledore e a Profa. Minerva curvaram-se para o embrulho de cobertores. Dentro, apenas visível, havia um menino, que dormia a sono solto. Sob uma mecha de cabelos muito negros caída sobre a testa eles viram um corte curioso, tinha a forma de um raio.
– Foi aí que...? – sussurrou a professora.
– Foi – confirmou Dumbledore. – Ficará com a cicatriz para sempre.
– Será que você não poderia dar um jeito, Dumbledore?
– Mesmo que pudesse, eu não o faria. As cicatrizes podem vir a ser úteis. Tenho uma acima do joelho esquerdo que é um mapa perfeito do metrô de Londres. Bem, me dê ele aqui, Hagrid, é melhor acabarmos logo com isso.
Dumbledore recebeu Harry nos braços e virou-se para a casa dos Dursley.
– Será que eu podia... podia me despedir dele, professor? – perguntou Hagrid.
Ele curvou a enorme cabeça descabelada para Harry e lhe deu o que deve ter sido um beijo muito áspero e peludo. Depois, sem aviso, Hagrid soltou um uivo como o de um cachorro ferido.
– Psiu! – sibilou a Profa. Minerva. – Você vai acordar os trouxas!
– Des-des-desculpe – soluçou Hagrid, puxando um enorme lenço sujo e escondendo a cara nele. – Mas nã-nã-não consigo suportar, Lílian e Tiago mortos, e o coitadinho do Harry ter de viver com os trouxas...
– É, é, é muito triste, mas controle-se, Hagrid, ou vão nos descobrir – sussurrou a professora, dando uma palmadinha desajeitada no braço de Hagrid enquanto Dumbledore saltava a mureta de pedra e se dirigia à porta da frente. Depositou Harry devagarinho no batente, tirou uma carta da capa, meteu-a entre os cobertores do menino e, em seguida, voltou para a companhia dos dois. Durante um minuto inteiro os três ficaram parados olhando para o embrulhinho; os ombros de Hagrid sacudiram, os olhos da Profa. Minerva piscaram loucamente e a luz cintilante que sempre brilhava nos olhos de Dumbledore parecia ter-se extinguido.
Capítulo 1, O menino que sobreviveu
Deixe seu comentário