#319
– Bem-vindo ao ônibus Nôitibus Andante, o transporte de emergência para bruxos e bruxas perdidos. Basta esticar a mão da varinha, subir a bordo e podemos levá-lo aonde quiser. Meu nome é Stanislau Shunpike, Lalau, e serei seu condutor por esta noi...
Lalau parou abruptamente. Acabara de avistar Harry que continuava sentado no chão. O menino recuperou a varinha e ficou de pé como pôde. Aproximando-se, viu que Lalau era apenas alguns anos mais velho que ele, tinha dezoito ou dezenove anos no máximo, grandes orelhas de abano e uma grande quantidade de espinhas.
– Que é que você estava fazendo aqui? – perguntou Lalau, pondo de lado sua pose profissional.
– Caí – respondeu Harry.
– E por que foi que você caiu? – caçoou Lalau.
– Não caí de propósito – respondeu Harry, incomodado. Uma perna de seu jeans se rasgara e a mão que ele estendera para aliviar a queda estava sangrando. De repente ele se lembrou por que caíra e se virou depressa para o lado para ver a passagem entre a garagem e a cerca. Os faróis do Nôitibus agora a inundavam de luz e ela estava vazia.
– Que é que você está olhando? – perguntou Lalau.
– Havia uma coisa grande e escura – respondeu Harry, apontando hesitante para a abertura. – Parecia um cachorro... mas enorme...
Harry olhou para Lalau, cuja boca estava entreaberta. Com um certo constrangimento, Harry viu o seu olhar se deter na cicatriz de sua testa.
– Que é que é isso na sua testa? – perguntou Lalau de repente.
– Nada – apressou-se a dizer Harry, achatando os cabelos em cima da cicatriz. Se os funcionários do Ministério da Magia estivessem à sua procura, ele não ia facilitar a vida deles.
– Qual é o seu nome? – insistiu Lalau.
– Neville Longbottom – respondeu Harry com o primeiro nome que lhe veio à cabeça. – Então... este ônibus – emendou ele depressa na esperança de desviar a atenção do rapaz –, você disse que vai a qualquer lugar?
– Isso aí – respondeu Lalau orgulhoso –, qualquer lugar que você queira desde que seja em terra. É imprestável debaixo da água. Aqui – disse ele outra vez desconfiado –, você fez sinal para a gente parar, não fez? Esticou a mão da varinha, não esticou?
– Claro – confirmou Harry depressa. – Escuta aqui, quanto custaria me levar até Londres?
– Onze sicles, mas por catorze você ganha chocolate quente e por quinze um saco de água quente e uma escova de dentes da cor que você quiser.
Harry remexeu outra vez no malão, tirou a bolsa de dinheiro, e empurrou um ourinho na mão de Lalau. Ele e o rapaz então ergueram o malão, com a gaiola de Edwiges equilibrada na tampa, e subiram no ônibus.
Não havia lugares para a pessoa sentar; em vez disso havia meia dúzia de estrados de latão ao longo das janelas protegidas por cortinas. Ao lado de cada cama, ardiam velas em suportes, que iluminavam as paredes revestidas de painéis de madeira.
Capítulo 3, O Nôitibus Andante
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