#306
A Profa. Minerva pegou um lenço de renda e secou com delicadeza os olhos por baixo das lentes dos óculos. Dumbledore deu uma grande fungada ao mesmo tempo que tirava o relógio de ouro do bolso e o examinava. Era um relógio muito estranho. Tinha doze ponteiros mas nenhum número; em vez deles, pequenos planetas giravam à volta. Mas devia fazer sentido para Dumbledore, porque ele o repôs no bolso e disse:
– Hagrid está atrasado. A propósito, foi ele que lhe disse que eu estaria aqui, suponho.
– Foi. E suponho que você não vá me dizer por que está aqui e não em outro lugar.
– Vim trazer Harry para o tio e a tia. Eles são a única família que lhe resta.
– Você não quer dizer, você não pode estar se referindo às pessoas que moram aqui?! – exclamou a Profa. Minerva, pulando de pé e apontando para o número quatro. – Dumbledore, você não pode. Estive observando a família o dia todo. Você não poderia encontrar duas pessoas menos parecidas conosco. E têm um filho, vi-o dando chutes na mãe até a rua, berrando porque queria balas. Harry Potter vir morar aqui!
– É o melhor lugar para ele – disse Dumbledore com firmeza. – Os tios poderão lhe explicar tudo quando ele for mais velho, escrevi-lhes uma carta.
– Uma carta? – repetiu a professora com a voz fraca, sentando-se novamente no muro. – Francamente, Dumbledore, você acha que pode explicar tudo isso em uma carta? Essas pessoas jamais vão entendê-lo! Ele vai ser famoso, uma lenda. Eu não me surpreenderia se o dia de hoje ficasse conhecido no futuro como o dia de Harry Potter. Vão escrever livros sobre Harry. Todas as crianças no nosso mundo vão conhecer o nome dele!
– Exatamente – disse Dumbledore, olhando muito sério por cima dos óculos de meia-lua. – Isto seria o bastante para virar a cabeça de qualquer menino. Famoso antes mesmo de saber andar e falar! Famoso por alguma coisa que ele nem vai se lembrar!
Capítulo 1, O menino que sobreviveu
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