#300
O corredor que levava à festa de Nick Quase Sem Cabeça tinha sido iluminado, também, com velas em toda a sua extensão, embora o efeito não fosse nada alegre: eram velas longas, finas e pretas, de luz azul, que projetavam uma claridade fantasmagórica mesmo nos rostos de gente viva. A temperatura caía a cada passo que davam. Quando Harry estremeceu e puxou as vestes mais para junto do corpo, ouviu um som que lembrava mil unhas arranhando um imenso quadro-negro.
– Será que isso é música? – cochichou Rony. Eles dobraram um canto e viram Nick Quase Sem Cabeça parado em um portal adornado com reposteiros de veludo negro.
– Meus caros amigos – disse ele pesaroso. – Sejam bem-vindos, sejam bem-vindos... fico tão contente que tenham podido vir...
E tirou o chapéu emplumado fazendo uma reverência e indicando a porta.
Era uma cena incrível. A masmorra continha centenas de pessoas esbranquiçadas e translúcidas, a maioria deslizando por uma pista de dança, valsando ao som medonho de trinta serrotes musicais, tocados por uma orquestra reunida em cima de uma plataforma drapeada de negro. Um lustre no alto projetava uma luz azul-meia-noite com outras mil velas negras. A respiração dos garotos se condensava, formando uma névoa à frente deles; parecia que estavam entrando em uma câmara frigorífica.
– Vamos dar uma circulada? – sugeriu Harry, querendo esquentar os pés.
– Cuidado para não atravessar ninguém – recomendou Rony, nervoso, e os três saíram contornando a pista de dança. Passaram por um grupo de freiras soturnas, um homem vestido de trapos que usava correntes e o Frei Gorducho, um alegre fantasma da Lufa-Lufa, que conversava com um cavalheiro que tinha uma flecha espetada na testa. Harry não se surpreendeu ao ver que os outros fantasmas davam distância ao Barão Sangrento, um fantasma da Sonserina, muito magro, de olhos arregalados e coberto de manchas de sangue prateado.
Capítulo 8, A festa do aniversário de morte
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