
#239
Harry deu voltas e mais voltas no novo quarto. Alguém sabia que ele se mudara do armário e parecia saber que ele não recebera a primeira carta. Isto significava com certeza que ia tentar outra vez? E desta vez ele tomaria providências para que desse certo. Tinha um plano. O despertador consertado tocou às seis horas na manhã seguinte. Harry desligou-o depressa e se vestiu em silêncio. Não podia acordar os Dursley. Desceu as escadas sorrateiro sem acender nenhuma luz.
Ia esperar pelo carteiro na esquina da Alfeneiros e receber primeiro as cartas endereçadas ao número quatro. Seu coração batia com força quando atravessou sem ruído o corredor escuro até a porta de entrada.
– AAAAARRREE!
Harry deu um salto no ar – pisara em alguma coisa grande e mole no capacho – uma coisa viva!
As luzes se acenderam no primeiro andar e, para seu horror, Harry percebeu que a coisa grande e mole tinha a cara do tio. Tio Válter estava dormindo junto à porta de entrada em um saco de dormir para impedir que Harry fizesse exatamente o que estava tentando fazer. Gritou com Harry quase meia hora e depois lhe disse para ir preparar uma xícara de chá. Harry foi para a cozinha arrastando os pés, infeliz, e quando conseguiu voltar o correio tinha sido entregue, bem no colo de tio Válter. Harry viu três cartas endereçadas em tinta verde.
– Quero... – começou, mas tio Válter estava rasgando as cartas em pedacinhos bem diante dos seus olhos.
Tio Válter não foi trabalhar naquele dia. Ficou em casa e pregou a portinhola para cartas.
– Entende – explicou à tia Petúnia por entre os lábios cheios de pregos –, se eles não puderem entregar então terão de desistir.
– Não tenho muita certeza de que isto vai dar certo, Válter.
– Ah, a cabeça dessa gente funciona de maneira estranha, Petúnia, eles não são como você e eu – disse tio Válter tentando bater um prego com um pedaço de bolo de frutas que tia Petúnia acabara de lhe trazer.
Capítulo 3, As cartas de ninguém

Deixe seu comentário