#172
Ouviram uma música vinda de algum lugar. Riddle se virou para percorrer com os olhos a câmara vazia. A música se tornava cada vez mais alta. Era misteriosa, de dar arrepios, sobrenatural; fez os cabelos de Harry ficarem em pé e o seu coração parecer inchar até dobrar de tamanho. Então a música atingiu tal volume que Harry a sentiu vibrar dentro do peito, e chamas irromperam no alto da coluna mais próxima.
Um pássaro vermelho do tamanho de um cisne apareceu, cantando aquela música esquisita para a abóbada do teto. Tinha uma cauda dourada e faiscante, comprida como a de um pavão e garras douradas e reluzentes que seguravam um embrulho esfarrapado.
Um segundo depois, o pássaro voava direto para Harry. Deixou cair a seus pés o embrulho que carregava, depois pousou pesadamente em seu ombro. Quando fechou as asas enormes, Harry ergueu os olhos e viu que tinha um bico dourado, longo e afiado e olhos redondos e escuros.
O pássaro parou de cantar. Sentou-se imóvel e cálido junto à bochecha de Harry, olhando com firmeza para Riddle.
– É uma fênix... – disse Riddle, encarando-o de volta com um olhar astuto.
– Fawkes? – sussurrou Harry, e sentiu as garras douradas do pássaro apertarem gentilmente seu ombro.
– E isso – disse Riddle, agora examinando o embrulho esfarrapado que Fawkes deixara cair – seria o velho Chapéu Seletor...
E era. Remendado, esfiapado, sujo, o chapéu jazia imóvel aos pés de Harry.
Riddle começou a rir outra vez. Riu tanto que a Câmara ecoou com o seu riso, como se dez Riddles estivessem rindo ao mesmo tempo...
– Isto é o que Dumbledore manda ao seu defensor! Um pássaro canoro e um velho chapéu! Você se sente cheio de coragem, Harry Potter? Sente-se seguro agora?
Harry não respondeu. Talvez não entendesse qual era a utilidade de Fawkes ou do Chapéu Seletor, mas já não estava sozinho e esperou com crescente coragem Riddle parar de rir.
Capítulo 17, O herdeiro de Slytherin
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