Durante uma década de gravações dos filmes de "Harry Potter", nenhuma polêmica envolvendo diretamente os bastidores tomaram proporções grandiosas. Mas, em 2009, a prisão do ator Jamie Waylett (intérprete de Vicente Crabbe) por posse de drogas realmente foi uma surpresa. Por conta da situação, ele não participou do último filme, "Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2".
Já em 2016, com a estreia de "Animais Fantásticos e Onde Habitam", ficamos animados ao saber que o bruxo Gerardo Grindelwald seria interpretado na franquia pelo aclamado ator Johnny Depp. Logo depois, vieram as sérias polêmicas envolvendo ele e sua ex-esposa, a atriz Amber Heard, e notícias de que ele estava com depressão e tomava vodca no café da manhã.
Depp voltou para o segundo filme, "Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald". E, apesar de seu comportamento em outros projetos tenha sido declarado como "desordenado", pelo menos em "Animais Fantásticos", ele foi descrito como "profissional" e "gentil com o elenco e a equipe".
Mesmo assim, depois de um tempo, embora Depp tivesse o apoio de J.K. Rowling e do diretor David Yates, declarasse publicamente que adorava interpretar o personagem e estivesse ansioso para começar a filmar o terceiro filme, começaram a surgir rumores de que ele deixaria a franquia por conta do julgamento por difamação contra Heard. O ator, inclusive, chegou a pedir ao tribunal que o julgamento fosse adiado para que ele pudesse atuar no terceiro filme.
Alguns meses depois, começaram a sair notícias de que o ator dinamarquês Mads Mikkelsen ficaria com o papel do vilão. E aconteceu: Johnny Depp deixou a franquia. "Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore" estreou no ano passado e rendeu elogios a Mikkelsen, que atuou da sua própria maneira como Grindelwald e se distanciou da caracterização de Depp.
E o que dizer sobre J.K. Rowling e a sua opinião a respeito da identidade de gênero?
Em seu perfil no Twitter, em junho de 2020, a autora se envolveu em uma polêmica ao publicar diversos comentários considerados transfóbicos após compartilhar sua opinião sobre menstruação. Ela publicou que discordava de um artigo intitulado "Criando um mundo mais igualitário pós-Covid-19 para pessoas que menstruam", sugerindo que as autoras deveriam ter usado a palavra "mulheres". Muitos críticos apontaram que as visões de Rowling igualavam feminilidade à menstruação, enquanto muitos homens trans menstruam, e muitas mulheres, não.
A opinião de Rowling virou assunto no mundo inteiro e, com razão, indignou fãs e até mesmo o elenco dos filmes. O ator Daniel Radcliffe (Harry Potter) respondeu aos comentários da autora dizendo que "mulheres trans são mulheres". Eddie Redmayne (Newt Scamander) disse o mesmo. Evanna Lynch (Luna Lovegood) também se manifestou, dizendo que Rowling "está do lado errado do debate". "As pessoas trans são o que dizem ser", declarou Emma Watson (Hermione Granger). Rupert Grint (Rony Weasley) e Bonnie Wright (Gina Weasley) se posicionaram em defesa à comunidade trans e quatro autores deixaram a agência literária de J.K. Rowling, "The Blair Partnership".
A autora publicou em seu site oficial um longo texto onde se defendia após toda a polêmica. Mas não adiantou muito. Ela não mudou de opinião e há quem diga que as diferentes polêmicas de Depp e Rowling causaram um certo desinteresse do público na franquia "Animais Fantásticos", refletindo, inclusive, na baixa bilheteria de "Os Segredos de Dumbledore" e em nenhum anúncio para um quarto filme dos cinco previstos há alguns anos.
A série de "Harry Potter" com J.K. Rowling como produtora executiva causou um pouco de estranheza. Mas o motivo é permitir que a série possa ter mais detalhes e aprofundamento que os filmes. E sabemos que a autora não deixará que as adaptações de suas obras sejam alteradas a ponto de prejudicar a trama estabelecida pelos livros — apesar de seu envolvimento com a criação de novos enredos nos roteiros de "Animais Fantásticos". Separando a autora de sua obra, acreditamos que será possível retornar ao Mundo Bruxo de "Harry Potter" com aquela mesma magia de antes, como se fosse a primeira vez (de novo).
» Este artigo faz parte do Especial de 15 anos da Ordem da Fênix Brasileira. [Ler todos os artigos]
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