ENTREVISTA COM TOM FELTON
Por Mariana Brugger - O Dia
Por Mariana Brugger - O Dia
O Dia - O que mudou nesses 10 anos?
Tom Felton - Muita coisa mudou nesses dez anos. A produção mudou, o elenco evoluiu, os sets e efeitos visuais foi melhorando a cada ano. Em mim? Bem, eu cresci, era um garoto muito novo e agora sou um jovem adulto. É o mesmo tipo de pergunta que você pode fazer para alguém que saiu da faculdade, por exemplo. É muito difícil dizer o que mudou.
O Dia - Sobre ser um vilão...
Tom Felton - Sempre foi divertido fazer um vilão. Que garoto de 12 anos não gostaria de interpretar um bruxo malvado? Acho que todas as crianças. Eu sempre gostei de fazer o Draco, não teve nada particularmente complicado. Adoro interpretar personagens muito diferentes de mim e o Draco é muito diferente de mim.
O Dia - No início, o Draco era um vilão e depois se mostrou um herói. Como foi desconstruir aquele personagem que você tinha criado no início?
Tom Felton - O Snape sim era, se mostrou um herói no final. O Draco é a história triste de toda a saga porque ele não tem opções, ele não tem escolha. Tem que fazer o que mandam ou será morto. Harry e todos os outros têm opções, eles podem escolher o que querem fazer, mesmo se não tivessem pais. O Draco tem pais e uma família muito grande e sua família é muito má, a pior que se possa imaginar. Eu sinto muita pena do Draco quando ele é novo, sua história é muito triste. A maioria dos vilões e dos valentões geralmente tem uma infância complicada, e com o Draco não é diferente. Eu estava um pouco nervoso para mostrar essa mudança de caráter, mas, no fim, foi bastante gratificante, diferente do planejado. Gostei de fazer isso.
O Dia - Como você lida com o assédio dos fãs?
Tom Felton - É muito estranho quando você deixa de ser o bruxo e vai para o mundo real e as pessoas não veem isso, mas tudo bem. Essa foi uma das coisas que aprendemos nesses dez anos. Aprendemos a prestar mais atenção, criancinhas me vaiavam. Aí eu penso que devo ter feito algo bom. Lembro que, quando eu tinha 12 anos, apresentei um prêmio para crianças e quando subi no palco todo mundo começou a vaiar. Foi estranho, mas aprendi a lidar com isso.
O Dia - Você leu os livros do Harry Potter antes de fazer o filme?
Tom Felton - Não tive contato com os livros antes de fazer o filme. Desconhecia os livros, o mundo de fantasia da J.K Rowling. Ao longo dos anos, fui me tornando cada vez mais fã. Quando o quarto livro saiu, li em um mês. O quinto eu li em duas semanas, o sexto em uma semana. O sétimo eu li em um dia (rs). Mas tento me controlar para ler um capítulo por semana, mas nunca funciona porque você vai lendo e se envolve.
O Dia - Você entende esse fanatismo que o Harry Potter causa?
Tom Felton - O Harry Potter é um escape para muita gente, e muitas crianças e pessoas cresceram escapando nesse mundo do Harry, nesse reino mágico, onde a vida normal não importa. Entendo que represento uma parte desse mundo mágico, então as pessoas podem ficar emocionadas. Adoraria ser tão apaixonado por uma coisa como eles são pela saga. São completamente obcecados, o que é fantástico. Adoraria ter essa mesma paixão por um livro ou um filme.
O Dia - E como foi ver aquele pessoal fantasiado te esperando no Morro da Urca para a pré-estreia?
Tom Felton - Foi louco. Estava esperando grandes coisas, é bem diferente da Inglaterra. No Reino Unido o pessoal é mais de aplaudir e só. É bem legal. Já faz um bom tempo que queremos vir para o Brasil e é bom finalmente estar aqui. Então, entendo se as pessoas ficarem um pouco loucas. Além disso, a noite foi a pré-estreia do filme, então acho que eles estavam muito animados por conta disso, porque era o último filme. A gente ouviu quando começaram a passar o filme e eles não conseguiam ouvir porque estavam gritando super alto.
O Dia - Recentemente, Daniel Radcliffe disse que teria problemas com álcool. Você sabia disso?
Tom Felton - Eu não sabia disso do Daniel. Acho que não é bem um problema com álcool. Acho que o caso do Daniel é que ele não gostava de beber álcool. Quando você cresce na inglaterra, é bastante comum quando faz 18 anos, chega em casa depois de um dia de trabalho e bebe uma cerveja. O seu pai faz isso, seu irmão faz isso, então você faz. Muitos amigos meus, o Daniel e até mesmo eu, não gostamos muito disso. Não é algo que gostamos de fazer e acho que ele só falou isso.
O Dia - Emma Watson (Hermione) já revelou que nos dois primeiros filmes ela era apaixonada por você. Como reagiu quando descobriu isso? Aconteceu alguma coisa entre vocês?
Tom Felton - Faz muito tempo isso. A Emma tinha uns 10 anos e eu tinha 12, e nada aconteceu. Estava muito mais interessado em tocar guitarra.
O Dia - Qual foi o melhor dia da escola para você?
Tom Felton - Tudo foi muito bom. É muito difícil para mim escolher um momento, mas o último filme é o meu preferido, obviamente. Esse capítulo final é o único que não precisa de muita explicação, porque é bastante óbvio o que acontece. É cara bom contra cara mau.
O Dia - Como foi o último dia nos sets?
Tom Felton - O adeus da equipe e do elenco foi bem curto e simples. Só "tchau", bem simples, bem britânico, muito formal. Na verdade a gente não disse adeus. Estive com o Daniel na semana passada e ainda vamos nos ver. É só um "até logo", nada de "adeus".
O Dia - No final do filme, vocês fazem seus personagens mais velhos. Como foi interpretar o Draco com 40 anos?
Tom Felton - Foram muitas horas de maquiagem, mas foi divertido. Me deixaram bem mais velho do que eu esperava. Me senti um ancião, como um cara de 60 anos. Foi uma das últimas coisas que eu fiz para o Harry Potter, então foi uma coisa legal para acabar a série.
O Dia - E agora, o que você pretende fazer?
Tom Felton - Espero continuar trabalhando. O Planeta dos Macacos: A Origem está saindo agora em agosto e tem outro para sair. Espero continuar atuando, fazer quantos vilões eu conseguir.
O Dia - Tem medo de ficar marcado como o Draco e isso ofuscar seu trabalho daqui para frente?
Tom Felton - Espero sempre ser lembrado como o Draco. Foi incrível o que a gente fez. Espero ser lembrado por outros personagens também. Quero ser lembrado por outros personagens memoráveis. Espero assustar crianças até o fim da minha vida. Ficarei muito feliz.
O Dia - Do que você mais sente falta?
Tom Felton - O que eu mais vou sentir falta, vai ser das pessoas. Já estou sentindo saudade. Menos o elenco, mais a equipe. São pessoas que eu via sempre nesses dez anos e eles fazem um trabalho incrível. Na verdade, os atores levam crédito demais. A gente não faz nada na verdade. A gente fica lá por cinco minutos. Os caras por trás das cenas é que fazem tudo.
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