CRÍTICA DE HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE - PARTE 2
Por Tayra Vasconcelos | Judão
Por Tayra Vasconcelos | Judão
Hoje passei uma madrugada de tensão e ansiedade, acordando inúmeras vezes pra olhar o relógio, afinal de contas, o momento estava chegando: Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2. Ou seja, o fim derradeiro de toda uma saga. Não estou com um sentimento de tristeza como tenho reparado em muitos fãs, que ficam desiludidos, dizendo: ‘agora tudo vai acabar!’. Pra mim isso rolou em 2007, quando acabei de ler o último livro. E digo isso porque, apesar de eu gostar muito da série de filmes, eles nunca se comparam à enormidade do livro, então o fim pra mim foi naquele momento em que fechei a página 590, após ler o epílogo do que aconteceu 19 anos depois. Aquele foi um momento de dor e apesar de saber que ainda viriam alguns livros, tinha acabado aquela espera ansiosa pelo lançamento do próximo volume, de como determinada coisa seria concluída ou arrematada e por aí vai.
Mas é claro que o lançamento dessa segunda parte do último filme é sim um marco e é o fim de uma vez por todas, e eu entendo os que se sentem agora da mesma maneira que me senti em 2007, mas a questão é que pra mim, esse sentimento já ficou pra trás, há quatro anos. Porém, isso não diminuiu em nada a minha ansiedade para ver como tudo vai acabar nas telonas. Por isso cheguei ao cinema animadíssima, e fiquei ainda mais quando vi que o óculos 3D era personalizado, exatamente igual ao do Harry Potter (e já salvem a informação, ver sem 3D vai fazer perder boa parte do encanto e dos efeitos, portanto, se tiver opção 3D na cabeça!).
A minha grande vontade é sentar aqui, falar, falar e falar sobre o filme (e isso inclui trazer muitos spoilers) e fazer comparações com o livro e tal e coisa. Mas, apesar de não conseguir entender como alguém consegue aguentar pra saber o que vai acontecer vendo os filmes e não tem curiosidade de catar o livro pra saber o desfecho, sei que tem muita gente que faz isso, portanto, não seria ético da minha parte fazer isso. Mas, PQP, povo que acompanha só pelos filmes, vocês estragam toda a brincadeira. :)
Aí, também eu me lembro de quando eu fiz o Especial Harry Potter em 2007, como eu apontei “falhas” em alguns filmes, uma legião de fãs surgiu pra me atacar, e desceram muito o nível. Lidar com fã é muito complicada. E olha que eu sou fã de Harry Potter, muito (inclusive tenho um feitiço tatuado no braço), porém não sou dessas pessoas insanas, que ficam cegas e não aceita que se faça qualquer tipo de crítica aos filmes. O engraçado é que eu via essas “falhas” justamente por ser fã e conhecer tão bem os livros, ainda assim só faltou me apedrejarem em praça pública.
Sem falar que é muito complicado comparar o livro com o filme, porque são coisas completamente diferentes e algo que funciona bem num livro, não necessariamente ficará legal na tela e vice-versa. Prova disso é que os dois filmes mais fiéis aos livros, são os primeiros, que são super longos e chegam a ficar cansativos, porque falta dinamismo, principalmente nas cenas de ação. Pra quem leu os livros, pode sentir desde a primeira parte de Harry Potter e as Relíquias da Morte que apesar de lançar mão da licença poética muitas vezes, foi por um bem maior e isso deu energia e força ao filme e nesse não é diferente – até porque, pra quem não se lembra (ou não sabe), tudo foi filmado de uma só tacada, como se fosse uma coisa única, inclusive houveram cenas da segunda parte rodadas antes de cenas da primeira. Portanto, a pegada é totalmente similar.
Tudo começa com a última cena da primeira parte (até pra dar um refresh na nossa mente) e se desenrola mais ou menos como já sabemos pelo livro e é dividida basicamente em dois grandes momentos: Gringotes e Hogwarts. E de cara vemos que o cuidado plástico com cenários é impecável. E os efeitos estão soberbos. A cena da invasão de Hogwarts é fantástica e dá um ar de Nárnia/Senhor dos Anéis pra coisa toda. É de ficar sem fôlego. E algumas piadinhas foram salpicadas no roteiro de maneira muito inteligente, porque dá uma quebrada na tensão que paira pelo ar durante o filme todo. (algo nos moldes da cena da dança de Harry e Hermione na primeira parte – não faz parte do original, mas dá uma leveza pro conjunto).
As cenas de luta e duelo, todas, estão muito, muito, muito diferentes do livro, mas estão completamente dinâmicas, fazendo com que a gente fique se remexendo na cadeira de tanta tensão, e é legal que até pra mim, que praticamente sei os livros de cor (a ponto de eu pegar picuinha de ‘mas no livro essa roupa não é dessa cor’) ficar ansiosa e pensando: ‘OMG, o que vai vir agora’. E tem coisas mais densas e dramáticas que acabam tendo uma passagem mais breve, porém não menos impactantes, muito pelo fato de a censura ser para 12 anos.
E eu acho que pra quem só acompanha pelos filmes, e acaba tendo um panorama mais rasteiro da trama como um todo, a adaptação caprichou – as cenas da infância do Snape e da Lilly são fantásticas e também a ligação entre Harry, horcruxes e Voldemort é muito mais patente e óbvia. É uma adaptação, e é muito importante lembrar disso, e a função da adaptação é deixar cada passagem com a melhor forma pra que a gente possa ver na tela e compreender bem, se empolgar, se emocionar e isso foi feito com maestria. Pra se ter noção nunca vi isso acontecer numa cabine, mas quase toda a sala estava aos prantos em boa parte das passagens que ocorrem dentro de Hogwarts e no final, as pessoas levantaram e aplaudiram de pé.
O engraçado é que, mesmo que fosse uma merda, por ser a última parte, todo mundo ia assistir e achar algum motivo pra gostar, porque, afinal, é o fim definitivo da saga. Só que o filme é bom, muito bom, e ainda tem todos esses fatores agregadores que fazem com que a gente goste mais ainda. A sensação que eu tive ao sair da sala é a de querer ver de novo (ainda bem que semana que vem tem mais), de querer degustar melhor os detalhes, de absorver melhor a força disso tudo. David Yates soube, definitivamente, fechar com chave de ouro uma de suas maiores franquias.
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