CRÍTICA DE HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE - PARTE 2
Por Todd McCarthy | The Hollywood Reporter
Via ScarPotter
Por Todd McCarthy | The Hollywood Reporter
Via ScarPotter
Termina bem. Depois de oito filmes em dez anos e uma bilheteria mundial que arrecadou mais de $ 6,3 bilhões, a conclusão de maior sucesso na história do cinema chega a obrigatória - e bastante satisfatória - conclusão em "Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2". Justificado completamente a decisão, que antes pensava-se ser totalmente ambicionada a fins mercenários, de dividir o último livro de J. K. Rowling em duas partes, este prova-se emocionante e, para dizer o mínimo, também mostra ser um final maciço e agitado que irá provocar sensações prazerosas e de fascínio para aqueles que são fãs da série até hoje. Se alguma vez houve uma coisa comercialmente correta, é a despedida do filme.
Realmente, foi uma corrida extraordinária e marcada por um planejamento minucioso, assim como muita boa sorte. Quando alguns flashes rápidos no final lembram o quão incrivelmente jovens Daniel Radcliffe, Rupert Grint e Emma Watson eram quando tudo isso começou, é uma maravilha que todos eles cresceram a ponto de serem tão fisicamente corretos para os papéis e suficientemente talentosos, exatamente como eles são. Com um desfile de atores britânicos que preenchem papéis maravilhosamente vívidos, o elenco foi o mais consistentemente forte de toda a série; notoriamente, um dos atores principais, Richard Harris, morreu durante a trajetória e imediatamente foi substituído por Michael Gambon (mesmo que predomine o sentimento nostálgico de Peter O´Toole não ter sido escalado inicialmente como Dumbledore; será que pensaram que ele não ia viver por muito tempo?).
Depois de Chris Columbus lançar completamente a franquia, todavia com um apelo deslumbrante, o produtor David Heyman escolheu sabiamente Alfonso Cuarón e Mike Newell para dirigirem os dois próximos filmes - os melhores da série sarcasticamente - e então se fixou o diretor David Yates para guiar a longa jornada até o fim. Inicialmente trabalhando no que parecia ser muito simples e rápido, Yates finalmente atribui vida própria a esta última parcela, orquestrando um tabuleiro de xadrez maciço de eventos, em que eles se desenrolam com sutileza e um forte senso de composição dramática, a qual ele outrora havia exibido.
Mas talvez a principal peça esse tempo todo fora o roteirista Steve Kloves, que fez provavelmente uma decisão incômoda de deixar uma carreira promissora como diretor em espera e dedicar-se a uma década de escrita de todos, exceto um, capítulos da saga Potter (embora tenha alegado estar cansado e necessitar de um tempo para si, mais tarde ele lamentou não ter adaptado "Ordem da Fênix"). Astuto que tantos personagens, inclusive os antigos, precisaram ser distribuídos em meio a um campo dramático sem sacrificar um impulso frontal, este capítulo final sugere uma atenção redobrada para equilibrar a narrativa e o requinte. Inferindo, é claro que os cineastas sentiram a responsabilidade de fazer esse trabalho corretamente e, de fato, fizeram.
Evidentemente, “Relíquias da Morte - Parte 2” é completamente baseado no confronto final entre Harry e Voldemort, o confronto final entre o bem e o mal, o clímax de toda a série que almejava um único objetivo durante todo o percurso. Com Voldemort empunhando uma varinha cobiçadíssima com um poder inacreditável, um clarão irrompe e cega a tela antes que o logotipo da Warner Bros. surja, então vê-se que Harry, Rony e Hermione ainda permanecem no vazio e que estão determinados a destruir as quatro horcruxes restantes (todas contendo um fragmento da alma do Lorde das Trevas) e a fazer um acordo desagradável com um duende chamado Grampo (Warwick Davis), afim de arranjar acesso ao cofre do banco de Belatriz Lestrange, onde uma Horcrux pode estar escondida.
O subsequente arrombamento envolve uma charada maravilhosa na qual Hermione se disfarça de Belatriz (trabalho magnífico de Helena Bonham Carter aqui), mas também um passei de montanha-russa que parece um protótipo para uma atração de parque temático. Esta sequência também chama a atenção para o fato de que, depois de um esforço abortado no filme anterior, este é o primeiro filme Harry Potter a ser lançado em 3D. Aqueles puristas provavelmente vão desejar que Warner tivesse deixado quieto o bastante e não adotado o modismo puramente pelos dólares extras, como se ela precisasse deles. Ainda ssim, fora alguns efeitos isolados que parecem mais falsos graças à dimensão extra, o 3D funciona muito bem para a maioria dos efeitos visuais espetaculares, assim como o grande senso de profundidade no qual Yates organiza muitas de suas cenas neste filme.
Conforme Harry e seus amigos convergem em Hogwarts - agora dirigido por Snape como um campo sombrio fascista e vigiado por Comensais da Morte - uma admirável sobriedade melancolia encapa o processo; Aberforth Dumbledore (Ciaran Hinds) detalha aspectos repugnantes da história de sua família e sinais do que está por vir reverberam enquanto Harry e Voldemort cada vez mais partilham suas mentes, enquanto o comitê de recepção de Harry na escola se assemelha a um bando leal de soldados unidos por um último "firme e forte" não-tão promissor. Entre os muitos que foram recentemente poucos vistos, o que mais surpreende é o esquecido Neville Longbottom (Matthew Lewis), enquanto a namorada de Harry, Gina (Bonnie Wright), oferece solidariedade totalmente esperada.
Similarmente marginalizada nos anos recentes, a maravilhosa Minerva McGonagall de Maggie Smith se reafirma para esta última batalha, ajudando a criar um escudo em volta de Hogwarts que vai ao menos atrasar temporariamente o exército de Voldemort, que convergiu para um abismo visando à escola. Enquanto os preparativos são feitos freneticamente para a batalha final, o tempo é mesmo assim encontrado para cruciais narrativas visitando o passado, incluindo um último e particularmente revelador mergulho dentro da penseira para explorar as relações infantis entre Snape, a mãe de Harry e Dumbledore, assim como os assassinatos que começaram isso tudo tantos anos antes.
Até mesmo o duelo final entre os equilibrados Harry e Voldemort tem distintos estágios que revelam camadas finais de informação. E é também agradavelmente tocado com pitadas de humor, levando há 19 anos depois em pós-escrito, que a medida que o círculo se fecha e se re-conecta com a relativa inocência que a série começa, cai perfeitamente certo.
O preenchimento da "Relíquias da Morte - Parte 1" felizmente trás uma coisa do passado, Ron e Hermione emprestam um robusto suporte, mas os encargos da consumação caem diretamente sobre os ombros de Harry e conduzem para apreciar o sucesso de Radcliffe aqui e através da série; não importando quantos equívocos e deficiências tenham existido no passado, ele é Harry, de uma vez por todas, e vai sair com uma nota alta. Um número de mortos ou ausentes personagens fazem breves aparições aqui com a intenção de amarrar as coisas junto, permitindo atores como Gary Oldman, Emma Thompson, Jim Broadbent, Timothy Spall, Miriam Margolyes, Julie Walters e outros a fazerem breves cenas com seus amigos de trabalho.
Tecnicamente, nada falta. A eventual vista de Hogwarts como um ruína desmoronada é surpreendente, a fotografia de Eduardo Serra ultrapassa o que ele realizou da última vez, e alguns dos efeitos de maquiagem de Nick Dudman - especialmente com os duendes e uma espiada surpreendente de um Voldemort fetal - são sensacionais. A trilha de Alexandre Desplat é idiscutível a melhor até agora da série, incorporando um pouco de eco dos temas originais de John Williams enquanto estimula a já aumentada drama deste filme para uma série de tremendo sucesso.
Só o que faltou foi um "Fim" de verdade depois da última cena.
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